Um conto de Ogum

Sexta - feira, todos se aprontam é mais um dia de atendimento no terreiro, a esposa Mãe Pequena, sempre preocupada em chegar mais cedo para preparar a casa e acompanhar os irmãos de Fé, no Templo a Yalaô sempre rígida com horários pontualmente inicia as sessões:
_Nossos irmãos têm compromissos, não tem a noite toda para aguardar médiuns de “Má Vontade”. E os Guias Espirituais, acham que estão à nossa disposição? Horário é horário.
Neste, dia seu marido também médium da casa, teve problemas (dia difícil), chega em cima da hora, sem suas vestimentas e sem chave de casa para se preparar, então pede auxílio a sua esposa que percebendo a sua agitação o acompanha de volta logo ali pertinho.
Em casa o marido diz:
_Hoje estou muito cansado não vou trabalhar.
Ela logo se apressa para ir sozinha, mas de repente o marido muda de idéia:
_Não! Aguarde, só vou fazer um lanche, um banho, ponho uma roupa leve branca e ao menos vou auxiliar.
Assim juntos retornam, a sessão já havia se iniciado e os médiuns estavam batendo cabeça, ela prepara-se e entra a tempo de bater cabeça, era gira de Ogum a casa estava cheia e havia muito a ser feito. Após a gira de desenvolvimento os Ogãs já em ritmo total cantam os pontos de Ogum, a Mãe Pequena aguarda um pouco mais antes de dar passividade a seu guia, observa se tudo está bem, olha ao redor e num relance vê seu marido já incorporado com sua espada astral em punho girando em frente ao gongá.
E pensa consigo mesma:
_Ué! Ele não queria incorporar.
Lá longe, pouco antes de receber seu guia, ouve uma voz ao fundo que diz:
_ “Filho de Umbanda não tem que querer”

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